Você sabe a diferença?
O sistema de aterramento é um conjunto de medidas que
tem por objetivo várias funções, como por exemplo, desligamento automático de
dispositivos de proteção, como DR e disjuntores, controle de tensões,
estabilização do sistema de energia frente à transitórios, escoamento de cargas
estáticas, segurança de pessoas e animais, na equipotencialização do sistema, além
de fornecer planos de referência para equipamentos eletrônicos. É com relação a
este último item, referência para circuitos eletrônicos que quero desenvolver
este artigo. Isto não significa que não tenha relação com os demais itens em
que o aterramento participa.
Antes, uma breve explanação sobre a necessidade do
aterramento em circuitos eletrônicos. A maioria dos circuitos eletrônicos
atuais usa o aterramento como referência para a tensão de alimentação em DC.
Apesar dos transformadores, o aterramento do circuito é importante para manter
a referência “zero” para os circuitos. Se esta referência varia, os sistemas,
sejam eles digitais ou analógicos, poderão interpretar o sinal errado e, com
isto, funcionarem erroneamente.
Voltando ao aterramento, ao longo da história, o
aterramento sofreu várias modificações. Começamos com o uso do próprio sistema
de aterramento dos sistemas de força
para aterrar equipamentos sensíveis, porém devido a vários problemas como
circulação de correntes de várias fontes, induções eletromagnéticas, correntes
de neutro, descargas atmosféricas esta referência deixa de ser “quieta”,
causando problemas para o circuito sensível. O segundo passo foi criar sistemas isolados, ou seja, criar um
sistema independente do sistema de força para que este fosse a referência para
os equipamentos eletrônicos. A ideia foi interessante, mas esbarrou em 3
problemas. O primeiro foi com relação aos acoplamentos resistivos e
capacitivos, pois criar um sistema de aterramento separado exigiria distâncias
grandes e, assim poderia haver problemas tanto de localização como criação de
loops e problemas para equalizar altas frequências. Mas o principal deles foi
com relação à segurança, uma vez que circuitos com aterramento isolado, que
usam a carcaça metálica como referência, não estariam equipotencializados com o
sistema de força, podendo causar riscos para as pessoas, ou do contrário,
equalizando o potencial dos invólucros, mas não dos sistemas poderia criar um
potencial diferente e causar danos aos circuitos. Partiu-se então para criação
do sistema de ponto único, que cria
um sistema exclusivo para aterramento dos equipamentos sensíveis, porém este
sistema exclusivo não é isolado, pois é equalizado com os demais sistemas de
aterramento existentes na edificação. Veja abaixo uma representação deste
sistema.
Podemos observar que as referências dos circuitos
eletrônicos são interligadas em uma barra de aterramento diferente do sistema
de aterramento da carcaça, mas esta barra do aterramento dos circuitos
eletrônicos é equipotencializada com os demais sistemas de aterramento,
formando um único eletrodo. O último passo da evolução do sistema de
aterramento foi a criação da Malha de
Terra de Referência (MTR) ou Signal
Reference Grid (SRG), que resolveu o problema principal dos demais sistemas
que é a equalização para altas frequências. Com o mesmo princípio do sistema de
ponto único, o objetivo é reunir todos os pontos de aterramento eletrônico em
um ponto, que neste caso é uma malha que pode estar instalada abaixo do piso
elevado de salas. Veja a representação abaixo:
Da mesma forma que o sistema de ponto único, a malha
de referência de sinal deve ser interligada ao sistema de aterramento da
edificação para garantir a equipotencialização dos aterramentos, garantindo
assim a segurança de todos e o bom funcionamento dos sistemas de proteção.
O objetivo deste artigo foi tentar esclarecer um dos
grandes mitos que acontecem diariamente, principalmente nas indústrias, o mito
do “ATERRAMENTO SEPARADO PARA MEU EQUIPAMENTO”, pois já tive oportunidade de me
deparar com este problema, em que o fabricante do equipamento ou o responsável
por ele, informa que se o sistema não for separado você perderá a garantia do
equipamento e outras tantas coisas. Neste caso, o que se
deseja é um sistema de aterramento EXCLUSIVO
e não separado.
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